A alegria de viver é o tema do Décimo Segundo Passo de A.A., e ação sua palavra chave. Neste passo, saímos de nós mesmos em direção aos outros alcoólicos que ainda sofrem. Aqui, experimentamos dar sem esperar recompensa. Nessa altura, estamos experimentando o dar pelo dar, isto é, nada pedindo em troca. Agora começamos a praticar todos os Doze Passos em nossa vida diária para que possamos todos, nós e as pessoas que nos cercam, encontrar a sobriedade emocional. Ao perceber as implicações inteiras do Décimo Segundo Passo, veremos que se trata de um amor que não tem preço.
Este passo também nos diz que, como resultado da prática de todos os passos, cada um de nós foi descobrindo algo que se pode chamar de “despertar espiritual”. Para os AAs novos, este estado de coisas pode parecer dúbio ou improvável. Eles perguntam: Que querem dizer quando falam em “despertar espiritual”?
É possível que haja uma definição de despertar espiritual para cada pessoa que o tenha experimentado. Contudo, os casos autênticos, na verdade, têm algo comum entre si. Essas coisas comuns entre eles são de fácil compreensão. Quando um homem ou uma mulher experimenta um despertar espiritual, o significado mais importante disso é que se torna capaz de fazer, sentir e acreditar em coisas que antes, sem ajuda e contando com seus próprios recursos, não podia fazer. Foi-lhe concedida a dádiva de um novo estado de consciência e de uma nova maneira de ser.
Encontra-se num caminho que lhe indica que chegará a um destino seguro, onde a vida não é um beco sem saída, nem algo que deverá ser suportado ou dominado. Foi realmente transformado, porque agarrou-se a uma fonte de força de que antes, de uma maneira ou de outra, havia se privado. Percebeu que possuía um grau de honestidade, tolerância, dedicação, paz de espírito e amor, dos quais se supunha totalmente incapaz. O que recebeu foi-lhe dado de graça; entretanto preparou-se, mesmo que minimamente, para recebê-la.
Eu sou grato ao meu Poder Superior por ter-me dado uma segunda chance para viver uma vida digna.
Através de Alcoólicos Anônimos recuperei minha sanidade. As promessas estão sendo cumpridas em minha vida. Sou grato por estar livre da escravidão do álcool. Sou grato pela paz de espírito e a oportunidade de crescer, mas minha gratidão deve ir para frente, nunca para trás. Não posso ficar sóbrio nas reuniões de ontem ou abordagens passadas. Preciso colocar minha gratidão em ação hoje.
Nosso co-fundador dizia que a melhor maneira de demonstrar nossa gratidão é levar a mensagem para outros. Sem ação a minha gratidão é apenas uma emoção agradável. Preciso colocá-la em ação praticando o Décimo Segundo Passo, transmitindo a mensagem e praticando os princípios em todos os meus assuntos. Sou grato por transmitir a mensagem hoje.
A “Luz para a liberdade” brilha alegre sobre meus companheiros alcoólicos quando cada um de nós desafia o outro para crescer. Os “Passos” para o aperfeiçoamento de si mesmo têm início pequeno, mas cada Passo é um degrau a mais na escada que vai desde o abismo do desespero para uma nova esperança. Honestidade torna-se minha “ferramenta” para me soltar das “cadeias” que me escravizam. Um padrinho, que é um ouvinte atencioso, pode me ajudar a ouvir verdadeiramente a mensagem que me guiará para a liberdade.
Peço a Deus coragem para viver de maneira que a Irmandade possa testemunhar Seus favores. Esta missão me liberta para compartilhar minhas dádivas de bem-estar através de uma disposição de espírito para servir aos outros.
Quando converso com um ingressante em A.A., meu passado me olha diretamente no rosto. Vejo a dor naqueles olhos cheios de esperança, estendo minha mão e então o milagre acontece: fico aliviado. Meus problemas desaparecem quando estendo a mão para essa alma trêmula.
A fusão de minha sobriedade física com a espiritual produz a substância de uma vida mais positiva.
Trata-se de nossa dádiva divina, e cuidar que ela seja também conferida a outros como nós é o único objetivo que hoje em dia move os AAs em todo o mundo.
A força de Alcoólicos Anônimos repousa no desejo de cada membro e de cada Grupo em todo o mundo, de compartilhar com outros alcoólicos seus sofrimentos e os Passos tomados para ganhar e manter a recuperação. Mantendo um contato consciente com meu Poder Superior, fico certo de que sempre nutro meu desejo de ajudar outros alcoólicos, garantindo assim a comunidade da maravilhosa fraternidade de Alcoólicos Anônimos.
Eu acho que é fácil transmitir a mensagem de recuperação para outros alcoólicos, porque me ajuda a manter-me sóbrio e me dá uma sensação de bem-estar a respeito de minha própria recuperação.
A parte difícil é praticar estes princípios em todas as minhas atividades. É importante que eu compartilhe os benefícios que recebo de A.A., especialmente em casa. A minha família não merece a mesma paciência, tolerância e compreensão que dou tão generosamente para o alcoólico?
Quando revejo o meu dia, tento perguntar: “Tive a chance de ser um amigo hoje e a perdi? “, “Tive chance de estar por cima de uma situação desagradável e a evitei?”, “Tive uma chance de dizer: sinto muito – e me recusei?”.
Da mesma forma que peço a Deus que me ajude com meu alcoolismo a cada dia, peço que me ajude a ampliar minha recuperação para incluir todas as situações e todas as pessoas!
Muitos de nós em A.A. quebramos a cabeça a respeito do que é um despertar espiritual. Eu tendia a procurar por um milagre, algo dramático e que sacudisse a Terra. Mas o que normalmente acontece é uma sensação de bem-estar, um sentimento de paz que nos transforma para um novo nível de percepção. Foi isso que aconteceu comigo. Minha insanidade e confusão interiores desapareceram e entrei numa nova dimensão de esperança, amor e paz. Penso que o grau em que continuo a experimentar esta nova dimensão está em proporção direta à sinceridade, intensidade e devoção com que pratico os Doze Passos de A.A.
Renunciar ao mundo do alcoolismo não é abandoná-lo, mas agir sobre princípios que venho a amar e tratar com carinho, e devolver aos outros, que ainda sofrem, a serenidade que conheci. Quando estou realmente empenhado neste propósito, pouco importa que roupas uso ou como vivo. Minha tarefa é transmitir a mensagem e liderar pelo exemplo, não por projetos.
O trabalho de maior alcance do Décimo Segundo Passo, foi a publicação de nosso Livro Azul: Alcoólicos Anônimos.
Poucos podem igualar este livro na transmissão da mensagem.
Minha ideia é sair de mim mesmo e simplesmente fazer o que posso. Mesmo se não me chamarem para padrinho e meu telefone tocar poucas vezes, sou capaz de fazer o trabalho do Décimo Segundo Passo. Eu me envolvo numa “ação fraterna e harmoniosa”. Nas reuniões chego cedo para cumprimentar as pessoas, ajuda a arrumar, compartilho e minha experiência, força e esperança. Também faço o que posso com o legado de serviço. Meu Poder Superior me dá exatamente o que Ele deseja que eu faça a cada etapa de minha recuperação e, se Lhe permitir, minha disposição irá trazer o Décimo Segundo Passo automaticamente.
Pensar nos outros nunca foi uma coisa fácil para mim.
Mesmo quando tento praticar o programa de A.A. sou propenso a pensar: “Como me sinto hoje? Estou feliz, alegre e livre?”
O programa me diz que meus pensamentos devem alcançar aqueles que estão à minha volta: “Este novato deseja alguém com quem falar?”, “Esta pessoa parece um pouco infeliz hoje, talvez eu possa animá-la”. É somente quando esqueço meus problemas e me esforço para contribuir com alguma coisa para os outros, que posso começar a alcançar a serenidade e consciência de Deus que procuro.
Quando entro em contato com um ingressante, tenho uma tendência de olhá-lo do meu ponto de vista de sucesso em A.A.?
Eu o comparo com o grande número de conhecidos que fiz na Irmandade? Mostro-lhe de uma maneira professoral a voz de A.A.? Qual é a minha verdadeira atitude para com ele?
Devo me examinar quando encontrar um novato, para ter certeza de que estou transmitindo a mensagem com simplicidade, humildade e generosidade. Aquele que ainda sofre da doença do alcoolismo deve achar em mim um amigo que o ajudará a conseguir conhecer a maneira de viver de A.A., porque eu tive um amigo assim quando cheguei. Hoje é minha vez de estender minha mão com amor para minha irmã ou irmão alcoólico e mostrar-lhes o caminho da felicidade.
Eu lembro como fui atraído pelos dois homens de A.A. que me abordaram. Eles disseram que eu poderia ter o que eles tinham, sem nenhuma condição vinculada, que tudo que eu tinha de fazer era me unir a eles na estrada da recuperação. Quando começo a convencer um novato a fazer as coisas da minha maneira, esqueço como foram prestativos aqueles dois homens para comigo, com a sua generosidade e mente aberta.
Fazer as coisas certas pelas razões certas – esta é a minha maneira de controlar meu egoísmo e meu autocentrismo. Percebo que minha dependência de um Poder Superior limpa o caminho para a paz de espírito, a felicidade e a sobriedade.
Rezo todo dia para evitar minhas antigas ações, a fim de que eu seja de utilidade para os outros.
“A sua vida terá um novo sentido”, como diz o livro azul (pg.89). Esta promessa tem-me ajudado a evitar o egoísmo e a auto piedade. Presenciar outros crescerem neste programa maravilhoso, vê-los melhorando a qualidade de suas vidas, é uma recompensa sem preço do meu esforço em prol dos outros.
O autoexame é ainda outra recompensa de uma recuperação progressiva, assim como o são a serenidade, a paz e o contentamento. A energia proveniente de ver outros irem sendo bem sucedidos, e da partilha com eles das alegrias da jornada, dá um novo sentido à minha vida.
A maravilha de A.A. é que somente falo o que aconteceu comigo. Não desperdiço tempo oferecendo conselhos ao novato em potencial, pois se conselho funcionasse, ninguém iria para A.A. Tudo que preciso fazer é mostrar o que trouxe a mim a sobriedade e o que mudou na minha vida. Se falho em acentuar as características espirituais do programa de A.A., estou sendo desonesto.
Não se deve dar uma falsa impressão de sobriedade ao ingressante. Estou sóbrio somente pela graça de meu Poder Superior, e isto torna possível que eu compartilhe com os outros
Tendo sofrido de alcoolismo, eu deveria entender a doença, mas às vezes sinto aborrecimento e até mesmo desprezo por uma pessoa que não consegue ir bem em A.A. Quando me sinto desta maneira, satisfaço meu falso senso de superioridade e devo lembrar que, se não fosse pela graça de Deus, lá estaria eu.
Pela experiência com o trabalho do décimo Segundo Passo, vim a compreender as recompensas de dar, nada pedindo de volta. No início eu esperava a recuperação dos outros, mas logo aprendi que isto não acontece. Uma vez tendo alcançado a humildade para aceitar que cada abordagem não vai resultar em sucesso, então estou aberto para receber as recompensas de dar, sem o egoísmo do retorno.
Quando tento ajudar um companheiro alcoólico, sinto um impulso de dar conselhos, e talvez isto seja inevitável. Mas, dando aos outros o direito de estarem errados, permitimos que eles colham seus próprios benefícios. O melhor que posso fazer e parece mais fácil do que é na prática – é ouvir, compartilhar experiência pessoal e rezar pelos outros.
Após encontrar A.A. e parar de beber, levou um tempo antes que entendesse porque o Primeiro Passo contém duas partes: minha impotência perante o álcool e a perda do controle da minha vida. Da mesma maneira, acreditei por muito tempo que para estar em sintonia com os Doze Passos bastava que “transmitisse esta mensagem para os alcoólicos”. Isso era apressar as coisas. Eu tinha esquecido que existiam Doze Passos e que o décimo Segundo Passo também tem mais do que uma parte. Aos poucos aprendi que era necessário para mim “praticar estes princípios” em todas as área de minha vida. Trabalhando todos os Passos completamente, não somente permaneço sóbrio e ajudo alguém mais a alcançar a sobriedade, mas também transformo minhas dificuldades com a vida em alegria de viver.
(Fonte: Reflexões Diárias – paginas: 154-160-274-309-346-348-353-355-356-357-358-359-360-
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