Depois que o “The Saturday Evening Post” publicou um artigo sobre Alcoólicos Anônimos, em 1º de março de 1941 a esforçada Irmandade chegou finalmente à consciência nacional, graças à força narrativa da maior revista familiar dos Estados Unidos.
Como observou Marty M., “foi a coisa mais emocionante que poderia ocorrer, porque precisávamos muito de publicidade e queríamos que soubessem da nossa existência”.
O juiz Curtis Bok, proprietário do The Saturday Evening Post ouvira falar dos Alcoólicos Anônimos através de seus amigos de Filadélfia, os doutores A. Wiese Hammer e C. Dudley Saul, que tinham grande admiração pela entidade.
Alcoólicos Anônimos havia chegado à Filadélfia de modo muito semelhante à sua chegada em Akron e ampliava-se agora para outras partes do país.
Tendo deixado de beber, os homens conseguiam reempregar-se, voltavam a viajar e a ver-se sós em quartos de hotéis estranhos, em cidades não menos estranhas.
Como o próprio Bill havia feito, eles procuravam outros alcoólicos para ajudá-los a parar de beber e, desse modo, manterem-se sóbrios.
No início de 1940, Jimmy B., o vendedor que insistia em diminuir o número de referências a deus no Livro Azul, foi a Filadélfia a trabalho. Bill lhe deu o nome de alguns companheiros dessa cidade, entre eles o de George S., que havia parado de beber depois de ler “Os Alcoólicos e Deus”, na revista Liberty. “Rapidamente me dei conta de que precisava de alguns companheiros alcoólicos ao meu redor, para permanecer sóbrio”, disse Jimmy “e assim me vi no meio de um grupo completamente novo”.
Durante o inverno de 1940-41, o juiz Bok, interessado em saber o que havia de verdade por trás dos rumores desencontrados que tinha ouvido, convocou o repórter Jack Alexander, cuja reputação era de ser inflexível. Alexander havia acabado de desmascarar importantes negociatas escusas em Nova Jersey e orgulhava-se de seu cinismo. Bok quis saber se Alexander faria uma matéria para o Post. A princípio o repórter hesitou; mas quando soube que Alcoólicos Anônimos “tinha relação tanto com a religião quanto com Rockefeller”, sua curiosidade falou mais alto.
Dos quatro membros de A.A. que o visitaram em seu apartamento, Alexander opinou: “Eram bem apessoados e estavam bem vestidos, mas, ao nos sentarmos, bebendo Coca-Cola (que era tudo o que eles tomavam), contaram histórias de horríveis desgraças ocorridas quando bebiam. As histórias soaram falsas e, quando eles foram embora, tive a nítida sensação de que estava sendo engabelado. Os visitantes haviam se comportado como atores enviados por uma agência teatral da Broadway”. Do próprio Bill, que conheceu no dia seguinte na Rua Vesey, Alexander considerou: – “É um tipo que desarma qualquer um e um especialista em doutrinar, usando a psicologia, a psiquiatria, a filosofia, a farmacologia e o folclore do alcoolismo”. O fato é que a franqueza de Bill pode ter tido o efeito inicial, como às vezes ocorre, de acentuar ainda mais o já agudo ceticismo de Alexander, Bill falou com franqueza do seu passado de bebedeiras e, com a mesma candura, de sua grandiosidade e dos erros que havia cometido recentemente. O impacto dessa candura levou o repórter a considerá-lo “incrivelmente ingênuo ou um tanto estúpido”. Bill teve uma percepção inteiramente diversa desse mesmo episódio: “Desde que Jack Alexander se apresentou no Escritório Central, nós o trouxemos a reboque durante quase um mês inteiro. Para escrever
seu poderoso artigo ele precisou da nossa total atenção e de uma ajuda cuidadosamente organizada. Abríamos a ele nossos registros, os livros, apresentamo-lo aos Custódios não-alcoólicos, marcamos entrevistas com AAs de todos os tipos e, finalmente pusemos Alcoólicos Anônimos à sua frente, desde Nova York e Filadélfia até Chicago, passando por Akron e Cleveland”.
A percepção inicial de Alexander era correta: Bill era cândido, mas sua candura nada tinha de ingenuidade, ou de estupidez; era proposital e atingia seus objetivos.
Da mesma forma que funcionaria com milhares de alcoólicos, nos anos futuros, assim foi com Jack Alexander, como Bill descreveu: – “O tipo de ajuda que demos a Jack Alexander – nosso serviço organizado de informações ao público – é o ingrediente vital de nossas relação públicas, que a maior parte dos AAS nunca chegou a ver”.
Não demorou muito tempo para que Jack Alexander fosse “convertido”, evaporou-se seu cinismo e seu apoio à Irmandade foi tão entusiasmado que ele continuou sendo um amigo íntimo durante os anos seguintes. Em 1951, chegou a ser Custódio e permaneceu no Conselho até 1956.
O ARTIGO DE JACK ALEXANDER
A publicidade do artigo “Alcoólicos Anônimos” pelo jornalista Jack Alexander, no número de março de 1941 do “The Saturday Evening Post”, representa um marco na história da Irmandade e serviço
Embora outro artigo de âmbito nacional tenha sido publicado anteriormente, o relato do “The Saturday Evening Post”, sobre um grupo de homens e mulheres que alcançaram a sobriedade através de A.A., foi, em grande parte, responsável pela onda de interesse que sedimentou a Irmandade em termos nacionais e internacionais.
A história do Post é uma lembrança do desenvolvimento de A.A. em um período relativamente curto. Em 1941, aproximadamente dois mil homens e mulheres estavam vivendo o programa de A.A. com sucesso. Hoje este número excede os dois milhões, e cerca de 98 mil Grupos se reúnem regularmente nos Estados Unidos, Canadá e em outros países. Em 1941, Jack Alexander escreveu a respeito do senso de humildade e serviço que caracterizavam o programa de A.A. e aqueles que então o praticavam.
A.A. vem tendo um enorme crescimento desde então. Mas a mesma consciência da necessidade de continuar a servir companheiros alcoólicos dentro do espírito de ajuda e humildade continua a ser o alicerce de nossa Irmandade.
É como esse espírito que este artigo histórico é reproduzido para todos os membros veteranos ou recém-chegados, que compartilham o mesmo interesse pelos tempos pioneiros de Alcoólicos Anônimos.
Fonte: Levar Adiante e o Artigo de Jack Alexander
Vivência nº 112 – Março/Abril 2008
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