A aprovação da literatura pela conferência

Box 4-5-9, Abr. Mai. / 2005 (pág. 1 a 3) 
Título original: “La aprobación de la Conferencia: Un proceso largo, cuidadoso y necesario”.
 

Quando a 55ª Conferência de Serviços Gerais –ESG, se reúna em abril (2005), alguns de seus Comitês permanentes irão considerar a possibilidade de desenvolver ou aprovar materiais novos ou revisados de literatura. O Comitê de Literatura estudará as revisões propostas de três folhetos e um livreto e as ideias para a criação de um novo folheto; os Comitês de Informação ao Público e de Comunicação e Carta Constitutiva também têm em suas agendas pontos relacionados com a literatura. Ao final de uma semana, a Conferência pode recomendar que alguns projetos possam passar a fase seguinte de desenvolvimento, outros abandonados e outros aprovados. Os aprovados pelo plenário da Conferência adquirem o direito de imprimir na capa as seguintes palavras: “Literatura aprovada pela Conferência de Serviços Gerais de A.A.”

Esta curta frase leva consigo garantias importantes. Significa que o livro ou folheto reflete a mais ampla gama da experiência de A.A. e que conserva integralmente a mensagem de A.A, para se conseguir esses objetivos se requer um processo longo – até dois anos, metódico e trabalhoso.

Começa com uma necessidade amplamente expressada pela Irmandade. Às vezes esta necessidade é expressa e ouvida em muitos e variados setores, como foi o caso da quarta edição do Livro Azul em inglês. Em outras ocasiões a ideia começa a se formar numa escala bem menor, talvez um membro apenas ou um Grupo que enviam uma solicitação ao ESG. Uma vez que as ideias de uns poucos não representam necessariamente os anseios da maioria, estes pedidos raramente são inscritos de imediato na agenda de um Comitê da Conferência. Terão que passar por um processo, provado pela experiência, através da estrutura de serviço, destinado a ampliar a consciência de Grupo em cada etapa e assegurar que quando chegue à Conferência, uma parcela significativa de seus membros acreditem ser necessário para a Irmandade em sua totalidade.

Qualquer membro que entenda ou acredite na necessidade de se publicar um novo livro ou folheto a respeito de algum tema que ele ache relevante, deve apresentar a ideia ao seu Grupo base para discussão em grupo. Se o Grupo decide que é uma boa ideia, o RSG a leva, em nome de seu Grupo, ao Comitê de Distrito para seu debate e consideração, e, sendo aceita, o MCD a apresenta à Interdistrital que, se aprovada, seguirá para a Assembleia de Área para uma mais detida e ampla consideração. De lá o Delegado de Área a remete ao Escritório de Serviços Gerais e o pessoal do ESG a envia ao Comitê específico da Junta de Custódios. A seguir, o assunto será inscrito na agenda de um Comitê da Conferência e, uma vez que as agendas de todos os Comitês se disponibilizam a toda a Irmandade antes da Conferência para possíveis sugestões e comentários, qualquer membro, onde queira que esteja, tem agora a oportunidade de fazer perguntas ou manifestar sua opinião através de seu RSG. Finalmente, o Delegado apresenta a consciência de Grupo da Área diante da Conferência.

Para se converter em uma Ação Recomendável, qualquer recomendação do Comitê deverá ser aprovada pela Conferência “por substancial unanimidade” – definida como uma maioria de dois terços. Para se chegar à unanimidade substancial, as discussões do plenário podem ser curtas ou se prolongar por várias horas. No caso ideal, todos os membros da Conferência, concordem ou não com a decisão final, saberão que sua opinião foi ouvida e se chegou a um verdadeiro consenso. “O Manual de Serviços de A.A.” explica como se faz: “Antes de efetuar uma votação deve ser dedicado bastante tempo para discutir detalhadamente o assunto, com perguntas e respostas referentes à história e demais antecedentes da recomendação e os arrazoados que levaram o Comitê à sua conclusão. As discussões, tanto nas sessões plenárias como nas dos Comitês, poderão ser muito animadas e inclusive acaloradas, porém, os membros da Conferência sempre fazem seu melhor esforço para se chegar a uma consciência de grupo e tomar decisões de encontro aos interesses da Irmandade na sua totalidade. Depois da votação, o coordenador da Conferência pergunta se há alguém que queira expressar sua opinião minoritária e, ocasionalmente, como consequência de um bem fundamentado opinião minoritária, é possível celebrar uma nova votação com uma mudança radical dos primeiros resultados”.

Quando a Conferência vota pela aprovação de um projeto, este é remetido ao Departamento de Publicações para sua revisão final, montagem, desenho e impressão. O Departamento de Publicações, durante toda essa etapa é parte integrante do processo: trabalha com o pessoal do ESG na preparação dos materiais que serão distribuídos aos membros da Conferência, supervisiona as revisões e correções preliminares, procura escritores quando necessário (membros de A.A. com sobriedade sólida e ampla experiência profissional), trabalha com os escritores na preparação dos manuscritos e faz as mudanças sugeridas pela Conferência quando as houver.

Às vezes é possível que um livro ou folheto demore bastante tempo para ser concluído. Considerem, por exemplo, o folheto “Can A.A. Help Me Too?” ou “A.A. pode me ajudar também?” dirigido aos alcoólicos afro-americanos aprovado pela Conferência de 2001. A ideia foi gerada originalmente na Conferência de 1971, com a proposta de publicar um folheto em formato de história em quadrinhos para os alcoólicos negros; mas não tinha chegado o momento oportuno e a Conferência não o aprovou. Nos anos de 1990 voltou-se a apresentar a necessidade e em 1998 um Grupo se propôs a publicar “um folheto dirigido ao alcoólico negro/afro-americano”; a proposta passou pelo Distrito e a Assembleia de Área; logo chegou à Conferência através do Delegado e foi colocada na agenda da Conferência. A Conferência de 1999 recomendou que fosse feito um rascunho para ser apresentado na Conferência de 2000 para sua consideração.

O Comitê de Literatura da Junta de Custódios encarregou a preparação deste projeto a um subcomitê, e através dos membros da Conferência foi pedido à Irmandade para apresentar histórias escritas por alcoólicos negros. Enquanto isso, o folheto suscitou algumas animadas discussões e, embora a maioria dos Grupos fosse favorável, houve uma forte oposição por parte de membros que tinham a opinião de que o tal folheto iria afastar os alcoólicos negros ao invés de fazê-los se sentirem parte de A.A., Entretanto, outros membros disseram que o objetivo era informar e atrair os alcoólicos negros que ainda sofriam para que soubessem que havia afro-americanos sóbrios que são membros da Irmandade.

Próximo do final de 1999, o subcomitê tinha recebido 34 histórias e selecionou 14 para remeter ao Departamento de Publicações do ESG para a revisão final. Devido ao tempo gasto em reunir as histórias, não foi possível apresentar o rascunho à Conferência de 2000 que recebeu apenas um relatório sobre o andamento dos trabalhos. Depois de ouvir as opiniões e comentários da Conferência foram continuados os trabalhos de redação e, além de fazer inúmeras revisões, foram acrescentadas novas histórias. O rascunho final foi apresentado à Conferência de 2001 que aprovou a recomendação feita pelo Comitê de Literatura para que fosse publicado.

A aprovação da Conferência significa que um artigo de literatura leva a mensagem de A.A. e representa toda a Irmandade. A mesma importância tem o que não significa. Não implica crítica nem desaprovação de nenhuma outra publicação editada por A.A. ou por qualquer outra entidade alheia à Irmandade. Por exemplo, muitos intergrupos publicam materiais – listas de reuniões e folhetos informativos para os membros locais. Estas publicações são literatura autêntica de A.A. porque fornecem um serviço necessário aos membros locais e refletem a experiência dos AAs locais.

O material de serviço publicado pelo ESG – material informativo e guias, não passa pela aprovação da Conferência, mesmo incluindo a experiência compartilhada de uma amostra representativa da Irmandade e com frequência estratos de publicações aprovadas pela Conferência. Uma vez que seria impossível submeter cada número de nossa literatura periódica, como o Box 4-5-9 e boletins parecidos do ESG e as revistas da Grapevine a um processo que demanda dois anos, estes também não estão aprovados pela Conferência, porém, já faz muito tempo que a Conferência os reconhece como literatura de A.A.

Não cabe à Conferência dizer aos membros de A.A. o que devem ou não ler. Mas, quando os recém-chegados procuram na mesa de literatura na sua primeira reunião ou quando os companheiros têm dúvidas ou quando os veteranos desejam ampliar seus conhecimentos e compreensão, as palavras “Literatura aprovada pela Conferência”, lhes asseguram que a mensagem é autêntica e a experiência representada é confiável.