Box 4-5-9 – Out. Nov. 2002 (pág. 3-4) => https://www.aa.org/sites/default/files/newsletters/sp_box459_oct-nov02.pdf
Já faz muitas décadas que a Irmandade tem formalmente reservado o mês de novembro como um período para a expressão de agradecimento coletivo pela nossa sobriedade individual. Embora pareça obvia sua conexão com a Ação de Graças (*), não há registro de dados que possam afirmar com segurança a sua origem. Durante algum tempo, Bill W., acreditou ter conseguido a sobriedade nesse mês porém e posteriormente, um cálculo mais minucioso fixou a data do começo de sua sobriedade no dia 11 de dezembro de 1934, ou seja quando ingressou no Hospital Towns para sua última internação.
O que se sabe com certeza é que, desde a década de 1940, e ao longo dos anos à frente, novembro tem sido considerado o Mês da Gratidão, e a partir de então, nosso agradecimento compartilhado foi tomando formas diversas e assim seguirá acontecendo na medida em que nossa Irmandade continue a se desenvolver e ampliar.
Bill W. acreditava que as Tradições de A.A. eram a âncora de nossa vida sóbria quando escreveu: “O que poderia ser, então, mais apropriado do que reservar a semana de Ação de Graças para dedicá-la à discussão dos valores práticos e espirituais que podemos encontrar em nossas Tradições? ” Em novembro de 1949, escreveu: “As Tradições são a destilação da nossa experiência de viver e trabalhar juntos. Servem para aplicar o espírito dos Doze Passos de recuperação à vida e à segurança do Grupo”.
O primeiro reconhecimento aprovado e oficial de uma “Semana de Gratidão” de A.A., especificamente designada para coincidir com a semana de Ação de Graças, data do ano de 1956. Nesse ano, os delegados à Sexta Conferência de Serviços Gerais aprovaram uma moção a tal efeito, estipulando que “esta ação apareça publicada nas petições anuais feitas aos Grupos antes do dia de Ação de Graças, para que contribuam com a manutenção dos Serviços Mundiais de A.A.”
Durante a década de 1960 celebravam-se, sempre no mês de novembro, vários “Almoços de Gratidão”. Estes encontros eram motivados pelo desejo de levar a mensagem e expressar gratidão, assim como também mostrar nosso agradecimento pelos numerosos artigos e livros publicados, e pelas entrevistas na rádio e na televisão feitas durante os últimos doze meses. Estes almoços aconteciam no Hotel Roosevelt, em Nova York (quando, dito seja, os representantes dos médios de comunicação, nos convites presenteados pelo presidente da Junta de Serviços Gerais, o Dr. John Norris – não alcoólico, nos quais se assegurava aos bebedores que ‘os coquetéis seriam servidos na Biblioteca às 12:15 e o almoço terminará pontualmente às 14:00h’).
Estes almoços, muito concorridos, atraiam uma substancial e diversa representação dos meios de comunicação e tinham basicamente dois objetivos: agradecer aos escritores e comentaristas presentes sua colaboração com a Irmandade no decorrer daquele ano e, para citar um memorando da OSG (ESG, no Brasil), daquele então, para “favorecer as relações públicas de A.A. reunindo editores, redatores, escritores e locutores e colocando-os em contato com fontes fidedignas de informação sobre o movimento”. Numa típica lista de convidados, por exemplo, os do almoço de 1965, figuravam os nomes de pessoas que tinham publicado artigos e livros a respeito da Irmandade, profissionais dos quadros ou relacionados com o New York Times, Medical World News, McCall’s Magazine, Editorial Macmillan, The Christian Science Monitor, e outras muitas agências de notícias e publicações.
Bill W., assim como o Dr. John Norris, sempre falavam nesses encontros e, no final, sempre era efetuada uma sessão de perguntas e respostas. Além disso, os convidados tinham à sua disposição uma grande variedade de literatura de A.A. para levar consigo. Em 1965, Bill presenteou cada convidado que compareceu ao almoço com um exemplar autografado do livro recém-publicado A.A. Atinge a Maioridade.
Embora os participantes desses encontros os achassem úteis e produtivos, a Junta passou a considerá-los como uma forma muito onerosa de dizer obrigado, uma vez que uma carta pessoal de Bill W., para agradecer um artigo ou um programa de TV – recém escrito ou levado ao ar, teria sido suficiente. Outros manifestavam a opinião de que seria mais conveniente oferecer nossa colaboração para cooperar mais amplamente na preparação de artigos ou programas de rádio ou TV. Fosse qual tenha sido o motivo, estes almoços deixaram de ser celebrados a partir de 1968.
Gratidão. Todos sabem o quanto ela é útil se a mantivermos viva tanto nas nossas vidas pessoais quanto na nossa consciência de Grupo. Inúmeros Grupos têm percebido essa realidade e a cada mês de novembro aproveitam a oportunidade para abrir ainda mais a porta da gratidão. É uma forma acertada de assegurar a sã e continua sobriedade, a unidade do Grupo, a autossuficiência e evitar o engessamento. Muitos Grupos observam o Mês da Gratidão celebrando reuniões de estudo das Tradições e recolhendo contribuições especiais destinadas ao Escritório de Serviços Gerais – ESG (no Brasil, tradicionalmente os Grupos contribuem, nesse mês, com o dinheiro arrecadado em uma reunião previamente definida para esse fim), para a manutenção de nossos serviços. Todos AAs têm a oportunidade de desenvolver novas formas de expressar e compartilhar sua gratidão.
Por exemplo, durante esse mês, os Grupos poderão realizar reuniões temáticas focadas na força e nos diversos aspectos da gratidão: “O quanto somos gratos” “A gratidão não é passiva” etc.
Porque não tentar algo novo – algo que seu Grupo nunca tenha feito e que poderá tornar mais tangível e real a gratidão de seus membros?
As reuniões de Tradições sempre nos relembram a riqueza de nossa herança de A.A. e reforçam, não apenas nossa gratidão, mas também a sobriedade alcançada, tanto pelos veteranos quanto pelos recém-chegados.
Para aprofundar nossa compreensão e apreço às Tradições de A.A. durante a Semana de Ação de Graças, Bill escreveu: “Poderíamos assim reforçar nossa fé no futuro através destes prudentes médios; poderíamos mostrar-nos dignos de seguir recebendo esse dom inapreciável de unidade que Deus com sua sabedoria nos concedeu tão generosamente a nós, os Alcoólicos Anônimos, durante todos estes anos tão importantes da nossa infância”.
(*). Para entender melhor.
N.T.: O Dia de Ação de Graças, conhecido em inglês como Thanksgiving Day, é um feriado celebrado nos Estados Unidos e no Canadá, observado como um dia de gratidão, geralmente a Deus, pelos bons acontecimentos ocorridos durante o ano. Neste dia, pessoas dão as graças com festas e orações.
Os primeiros Dias de Ação de Graças na Nova Inglaterra – região natal de Bill W. e do Dr. Bob, eram festivais de gratidão a Deus, em agradecimento às boas colheitas anuais. Por esta razão, o Dia de Ação de Graças é festejado no outono, após a colheita ter sido recolhida.
O primeiro deles foi celebrado em Plymouth, Massachusetts, pelos colonos que fundaram a vila em 1620. Após péssimas colheitas e um inverno rigoroso, os colonos tiveram uma boa colheita de milho no verão de 1621. Por ordem do governador da vila, em homenagem ao progresso desta em relação a anos anteriores, uma festividade foi marcada no início do outono de 1621. Os homens de Plymouth mataram patos e perus. Outras comidas que fizeram parte do cardápio foram peixes e milho. Cerca de noventa índios também participaram da festividade. Todos comeram ao ar livre em grandes mesas.
Nos EUA este dia é comemorado na quinta-feira da quarta semana de novembro. No Canadá a segunda-feira da segunda semana de outubro.
No Brasil, o presidente Gaspar Dutra instituiu o Dia Nacional de Ação de Graças, através da lei 781, de 17 de agosto de 1949, por sugestão do embaixador Joaquim Nabuco, entusiasmado com as comemorações que vira em 1909, na Catedral de São Patrício, quando embaixador em Washington. Em 1966, a lei 5110 estabeleceu que a comemoração de Ação de Graças se daria na quarta quinta-feira de novembro. Esta data é comemorada por muitas famílias de origem ‘americana, igrejas cristãs, universidades confessionais metodistas e cursos de inglês.