Em 1946, quando ainda havia muitos poucos escritórios de serviços centrais e intergrupais em funcionamento – somente Califórnia, Colorado, Illinois, Maryland, Nova York e Ohio, Bill W., comentou no número de junho da Grapevine: “Seguramente, Deus tem reservado um lugar no céu para cada um deles”. Nesse mesmo momento estavam-se abrindo centros de serviços em Massachusetts, Michigan, Mississipi, Wisconsin e Alberta – o primeiro escritório de serviços no Canadá.
Ainda no começo, Bill W. e o Dr. Bob perceberam que “…para evitar a confusão em regiões inteiras, era necessário estabelecer pequenos escritórios, instalar telefones e contratar algumas secretárias assalariadas…se isso não fosse feito, aquele que batesse á nossa porta pedindo ajuda não teria a oportunidade de se recuperar”. Os centros de serviço desses tempos sofreram com a falta de dinheiro, espaço e mão de obra e com a superabundância de opiniões contraditórias; entretanto, sobreviveram.
Assim, quando representantes de muitos dos 500 escritórios de serviços dos EUA e Canadá – junto com vários Custódios da Junta de Serviços Gerais e diretores e membros de A.A. World Services e da Grapevine, venham se congregar nos dias 04 a 09 de outubro de 2007 para o 21º Seminário Anual dos Escritórios de Serviços / A.A. World Services no hotel Crowne Plaza de Oklahoma City para compartilhar o espírito e a essência do serviço, irão ter presente que a eficiência é devida em grande parte ao compartilhamento coletivo das dificuldades que atravessaram seus predecessores. Como lembra Jan D., antiga gerente do Escritório Central de Serviços de Edmonton, Alberta: ”Hoje dia não em há nada original em A.A. Tudo que sabemos e fazemos para ajudar o alcoólico que ainda sofre a encontrar a sobriedade, foi-nos legado por nossos predecessores, sejam eles do Grupo de Oxford ou os trabalhadores dos Escritórios de Serviços que nos antecederam e compartilharam livremente suas experiências espirituais, o senso comum e o resultado de seus trabalhos”.
Nos primeiros dias de A.A., muitos dos escritórios de serviços, senão todos, tais como Chicago e Los Angeles, começaram com um número de telefone da casa de um membro de A.A. Outras, na cidade de Nova York, Newark, Nova Jersey, Toronto e Ontário, para citar algumas, começaram em salas de clubes que serviam como centros de atividades de A.A. Às vezes esses clubes eram utilizados como centros de distribuição da literatura de A.A. e mais tarde começaram a oferecer outros serviços. Com o passar do tempo, as entidades de serviços chegaram a separar-se dos clubes. Hoje em dia, os clubes não estão afiliados a A.A. Num surpreendente número de lugares, notadamente no norte da região central dos EUA e no Canadá, os comitês de serviços dos escritórios existiram muito antes de se estabelecerem os próprios escritórios – e muitos ainda são constituídos dessa maneira
No começo existia o Comitê Central de Cleveland, Ohio, onde, em outubro de 1939, pouco mais de quatro anos depois do encontro histórico de Bill W. e o Dr. Bob, um grupo de sete membros se reunia mensalmente para coordenar os trabalhos de hospitalização e apadrinhamento. O Dr., Bob não somente apoiava como também participava de suas atividades. Conforme conta Dan K., de Akron, “O Dr. Bob desempenhava um papel muito importante nesse comitê. De vez em quando, nas reuniões os participantes se metiam em debates acalorados e gritavam como se fossem bêbados num bar. Certa vez o Dr. Bob fez o grupo se calar e disse: ‘Cavalheiros, tranquilos. Ainda somos membros de A.A. Apliquemos os princípios de A.A. nestas reuniões de negócios (N.T.: é assim que se designam as reuniões de serviço nos EUA). Os senhores são servidores do grupo e estão aqui presentes para ouvir as ideias formuladas pelo comitê. Deixem que cada um fale na sua vez e sem interrupção. Celebremos esta reunião de negócios como um serviço ao Senhor e aos nossos companheiros’. Depois disso, não houve mais entreveros na presença do Dr. Bob”.
Pouco tempo depois, em 1943, Columbus, Ohio, estabeleceu um centro de serviços que hoje é conhecido como o Intergrupo da Irmandade. Na cidade próxima, Akron, onde nasceu A.A., foi aberto um escritório Intergrupal em abril de 1954. Seu primeiro boletim mencionou o dia 18 de novembro daquele ano como “Dia da Gratidão”. A capa do boletim, com letras escritas a mão, testemunha a dedicação do pequeno escritório, o qual, com um mínimo de ajuda econômica, estava disposto a fazer tudo o que fosse preciso para levar a mensagem de sobriedade de A.A.
Bill W. relata que o primeiro centro de serviços organizado surgiu em Chicago, onde uma AA chamada Silvia aproveitava seus cheques mensais da pensão alimentícia equivalentes a $700 dólares (uma quantia bastante grande numa época em que Bill e Lois tinham que se manter com $55 dólares por semana) para alugar um apartamento em Evanston, um subúrbio de Chicago, e também local da primeira reunião de A.A. celebrada naquela área. Chegaram tantas chamadas telefônicas àquele escritório que a secretária de Silvia, Grace Cultice, não alcoólica, logo chegou a ser utilizada para todos os serviços.
Em 1941, depois da publicação do artigo de Jack Alexander relacionado com A.A. no semanário Saturday Evening Post, o apartamento de Silvia converteu-se em algo parecido com a Gran Estação Central; então alugaram um pequeno escritório no Loop, e Grace foi instalado ali um Intergrupo para levar aos solicitantes as atenções do Décimo Segundo Passo, hospitalização e outras ajudas.
O primeiro centro de serviços de Nova York funcionava de maneira oficiosa num clube na Rua 24 em Manhattan. Estabeleceu-se o primeiro Comitê Central, mas não se estabeleceu o Intergrupo até junho de 1946 quando já havia 22 grupos na área metropolitana. De acordo com o arquivista Wally P., “Devido aos constantes conflitos no clube, o Intergrupo mudou-se em novembro para um armazém na Rua 75 oeste, e a partir desse momento, a ordem começou a surgir do caos”. No começo, apenas a metade dos grupos se inscreveram no Intergrupo e contribuíram para sufragar os gastos. Porém, em 1951 todos os grupos do distrito estavam cumprindo a promessa de ajudar a manter o escritório.
Na ata de uma reunião dos delegados da Associação Intergrupal de Nova York, em janeiro de 1950, aparece uma anedota narrada por Bill W. Diz que “uma mulher chegou ao programa dizendo ‘meu nome é Toodles e apenas me restam meus últimos três milhões de dólares’. Toddles alcançou a sobriedade, mas morreu subitamente de diabete e legou a A.A. dez mil dólares. A fundação do Alcoólico (desde 1954, conhecida como Junta de Serviços Gerais de A.A.), tinha aprovado anteriormente uma resolução para não aceitar dinheiro de indivíduos nem de entidades alheias à Irmandade – diferentemente de hoje em que se permite aos membros contribuir com a quantia máxima de três mil dólares ao ano e legar em testamento a mesma quantia uma única vez, não em perpetuidade. Entretanto, uma vez que o dinheiro tinha sido legado ao Intergrupo”. Bill W. Foi da opinião de que “o dinheiro é seu e podem fazer com ele o que bem entenderem”.
O Escritório Central de Los Angeles teve início em 1944. Um veterano, sóbrio desde 1940 conta que “naqueles dias não era fácil encontrar A.A. e fazíamos o possível para que continuasse assim. Um grupo cuidadosamente selecionado entre clérigos, juízes e policiais sabiam da existência de A.A.; nosso número de telefone não aparecia na guia telefônica e somente podia ser obtido chamando a informação. Sabíamos assim, que todo iniciante que conseguiu nos encontrar tinha feito o suficiente esforço para nos convencer de que sinceramente desejava a sobriedade”. Em Newark, onde tinha sido compilado o Livro Azul no escritório de Hank P., sócio de Bill W. durante algum tempo. Hank foi o primeiro secretário assalariado, trabalhando em tempo integral no Intergrupo de New Jersey, desde 1944 até 1949. Em Charleston, Carolina do Sul, foi utilizada a palavra Intergrupo pela primeira vez em 1953. A associação teve origem no primeiro centro de tratamento do estado, o Centro Alcan, Inc., alcunhado de “espelunca dos treme-tremes”.
Em abril de 1951, quando se celebrou a primeira Conferência de Serviços Gerais, existiam pelo menos 16 escritórios centrais e intergrupais que serviam aos grupos locais. Uma vez que nasceram antes da estrutura de serviços gerais ser criada e desempenharam funções diferentes, na formaram parte da estrutura de A.A. (com exceção de Chicago, onde o Escritório de Serviços da Área e o Comitê de Área, são efetivamente a mesma entidade). Às vezes, ao longo dos anos, vários serviços coincidiram parcialmente, especialmente nos casos em que as duas entidades prestavam serviços semelhantes; entretanto, com o tempo, devido à experiência compartilhada e à melhor comunicação, em muitos lugares os Intergrupos e os Serviços Gerais chegaram a trabalhar harmoniosamente em equipe.
Uma vez que os escritórios centrais e intergrupais são estabelecidos e mantidos pelos grupos, não têm autoridade própria. Cada escritório é único e reflete as necessidades e os desejos da comunidade onde se localiza e é responsável ante os grupos a quem serve. De forma geral, cada grupo tem um representante de intergrupo, e estes representantes se reúnem para eleger um comitê diretivo ou uma diretoria encarregada da administração do escritório e manter informados os grupos. Um fluxo constante de informação é essencial porque os grupos são totalmente responsáveis pela manutenção financeira do escritório que lhes serve, e os membros dos grupos locais se responsabilizam e se oferecem para fazer o trabalho do Décimo Segundo Passo.
Os escritórios centrais e intergrupais e os serviços gerais se mantém unidos em razão do nosso Segundo Legado, a Unidade. Porém, o que inicia essa cooperação e harmonia – vitais para levar a mensagem ao alcoólico que ainda sofre e ser sensíveis às necessidades de que se está recuperando em A.A., é a comunicação. Muitos escritórios locais publicam folhetos e outros materiais informativos que comunicam a experiência compartilhada dos intergrupos e escritórios centrais dos EUA e Canadá e internacionais. Nestes guias define-se o intergrupo como “um escritório de serviços de A.A. que supõe um interesse e um esforço comuns entre os grupos de uma comunidade – tal como os grupos de A.A. o supõem entre os membros individuais. Estão estabelecidos para levar a termo certas funções que podem ser desempenhadas com maior eficácia através de um escritório centralizado…. Existe para ajudar os grupos a realizar seu objetivo primordial de levar a mensagem ao alcoólico que ainda sofre”.