“Alcoólicos Anônimos está sendo abençoado em suas atividades pela Internet”
… Não temamos jamais as mudanças necessárias. Naturalmente, teremos que saber distinguir entre as mudanças que conduzem à melhoria e as mudanças que nos levam de mal a pior.”
Transmitir a Mensagem de A.A.
Transmitir a Mensagem de A.A. ao Alcoólico que Ainda Sofre
“Nenhum de nós estaria aqui, se alguém não tivesse tido tempo para explicar-nos alguma coisa, para nos dar uns tapinhas nas costa, para levar-nos a uma ou duas reuniões, para fazer numerosos atos de bondade e consciência em nosso favor”.
O 12º Passo nos diz: “Tenho experimentado um despertar espiritual, graças a estes Passos, procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossa atividades”.
A 5º Tradição reza: “Cada grupo é animado de um único propósito primordial – o de transmitir sua mensagem ao alcoólatra que ainda sofre”.
Nos perguntamos: – por que será que em A.A., por duas vezes nos é pedido para que informemos ao alcoólico que ainda sofre? Por que será que os fundadores de A.A. deram tanta importância para o fato de que a mensagem deve chegar ao alcoólico que ainda bebe?
Aprendemos em A.A. que os Doze Passos são para nossa recuperação individual e as 12 Tradições, para vivermos em unidade nos Grupos.
O que é transmitir a mensagem? – Deixar passar além, conduzir. Fazer passa de um ponto ou de um possuidor ou detentor para outro, transferir.
Os Doze Passos são para nossa recuperação individual, portanto, se aplicam à minha pessoa, individualmente. Eu não trabalho os Passos de outro. Trabalho os meus Doze Passos.
É pelo resultado da prática desses Doze Passos que eu sou visto pela sociedade que convivo.
Quem me conheceu alcoolizado vê essa diferença hoje. Queiramos ou não, transmitimos à sociedade o que os Doze Passos nos fizeram e esta nos põe na balança, nos avalia, nos julga. Nós sentimos isso todos os dias.
Este é o conteúdo da 11ª Tradição: Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da promoção.
Se formos a um baile, nos divertimos, dançamos, bebemos refrigerantes e ainda somos discretos, a sociedade nos vê e poderá dizer: “Esse aí, antigamente bebia muito”. “Esse casal aí estava se separando por causa da bebida”. “Como mudou essa pessoa depois que parou de beber! Era um caso perdido. Como será que isso aconteceu?”
Ou então: “Aquele ali que tem um emblema de A.A. no carro dele, estava passando para trás seus amigos”. “Esse sujeito parou de beber, mas continua negador de contas. É um safado”. “Parou de beber, mas em casa continuam as brigas”.
Onde nós passamos, para aqueles que nos conhecem, transmitimos a mensagem de A.A. pela atração. É isso que nos recomenda a 11ª Tradição. Mesmo não querendo, passo a ser um espelho da Irmandade. Abrindo ou não o meu anonimato, estou sempre transmitindo a mensagem de A.A.
O mar transmite grandeza. O lago calmo nos transmite paz. A rosa transmite um doce aroma. A escuridão nos transmite medo.
A criança nos transmite inocência. Não há necessidade de se colocar placas para isso, assim como não precisamos abrir nosso anonimato para que pessoas notem nossa mudança.
Isso, no meu entender, é transmitir a mensagem que aprendemos nos Doze Passos.
O que é levar a mensagem?
Fazer chegar, estender, levar para fora.
Levar a mensagem nos diz a 5ª Tradição: Cada grupo é animado de um único propósito primordial – o de transmitir sua mensagem ao alcoólatra que ainda sofre.
Faço questão de ressaltar: – a Mensagem deve ser levada pelo Grupo. Grupo é unidade, é mais do que um, portanto, com o conhecimento do Grupo, a mensagem, incluindo folhetos e endereços, será leveda aos outros por dois ou mais companheiros. Nunca, mas nunca mesmo, sozinho.
A.A. nos ensina que devemos trabalhar com os outros. Os outros, aqui são os companheiros de A.A., a sociedade e os doentes do alcoolismo.
“Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome. Eu estarei no meio deles”. Precisa-se dizer mais? Porque ser ingrato e se omitir de levar a mensagem com outro?
Muitos companheiros nos dizem ter abordado pessoas que precisariam estar em A.A. e essas não entenderam a mensagem. Fizeram isso sozinhos, não atendendo o que nos diz a 5º Tradição. Não o fizeram em Grupos.
Um fato importante. Devemos nos despojar dessa confiança imoderada que temos em nós mesmo. Muitas vezes, ela está arraigada em nós tão profundamente, que já nem percebemos o domínio que exerce sobre nosso coração. O nosso egoísmo, a preocupação com a nossa pessoa e amor próprio são precisamente as causas de todas nossas dificuldades, de nossa falta de liberdade interior, na provação de nossas contrariedades, de nossos tormentos da alma e do corpo. Por isso, julgamos os outros e somos os donos da “verdade”.
Exemplo está na história do filho pródigo: Dá-me o que é meu que eu vou vencer sozinho. Só o Poder Superior pode lhe dar a vitória. Aí você volta para a casa de Seu Pai, ou ao seu Grupo e reconhece sua impotência, “em aceitar as coisas que não podemos modificar”.
É satisfazer o ego quando se diz no Grupo: Fiz sozinho minha parte; errou, não cumpriu o que sugere a 5ª Tradição.
O mesmo acontece com aqueles membros que, ao invés de levar a mensagem de A.A., levam a sua própria mensagem e ainda, ferindo a 8ª Tradição que diz: “Alcoólicos Anônimos deverá manter-se sempre não-profissional”, procuram levá-la misturando com a medicina ou dados estatísticos para se vangloriarem de sua mesquinha inteligência. Pensam que para levar a mensagem de A.A. têm de ser eloquentes, ter conhecimentos gerais além da literatura de A.A..
Se assim acontece, esse membro deve voltar ao 12º Passo e praticar esses princípios em todas as suas atividades.
Cito um exemplo prático e verdadeiro de um Grupo que foi formado por seis membros. Em março de 2006, esse Grupo completou cinco anos de formação. E sabem quem estava lá? Uns 20 membros e entre eles, hoje, apenas três dos presentes na formação do Grupo há cinco anos. Três membros que nunca coordenaram uma reunião por dificuldades na leitura. Mas lá estavam os três juntos, continuando a levar a mensagem de A.A..
Há companheiros que se afirmam como bons AAs, porque participaram de diversos eventos, se fazem presentes em reuniões de Distrito, de Serviços, etc. Essas pessoas são como aquelas que já leram receitas de bolo, mas nunca experimentaram fazer o bolo. Não sentiram o prazer de fazer o bolo nem mesmo de apreciá-lo.
Tanto Bill como Bob afirmam nos livros de A.A., que o mais importante para a nossa sobrevivência, além da prática dos Doze Passos, é a prática da 5ª Tradição. É levar a mensagem.
O membro de A.A. já entrosado no programa das 24 horas, e que está concentrando suas energias no dia de hoje em busca da sobriedade e da serenidade pode perguntar ou perguntar-se de onde vem a força de Alcoólicos Anônimos? A força vem do despertar para um Poder Superior, da disposição de, em Grupo, levarmos aos outros que sofrem de alcoolismo a informação, através da 5ª Tradição, de como chegamos à sobriedade e de como a nossa vida mudou radicalmente para melhor.
Quando recebemos a força através da amizade dos companheiros do Grupo, do despertar espiritual e da execução do 12º Passo, nós, em A.a., passamos a conviver em unidade, recuperação e serviço. Nesse espírito de grupo, se a amizade não for o suficiente, então nos resta a fé, e se a fé às vezes for pouca, a prestação do serviço ao companheiro é um rio que irriga o deserto. Mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.
Lembremo-nos finalmente, da última mensagem do Dr. Bob: – “Meus queridos amigos em A.A.. Fico bastante emocionado ao ver diante de mim um vasto mar de faces, com o sentimento de que, possivelmente alguma pequena coisa eu fiz há alguns anos para tornar este encontro possível… Nenhum de nós estaria aqui, se alguém não tivesse tido tempo para explicar-nos alguma coisa, para nos dar uns tapinhas nas costas, para levar-nos a uma ou duas reuniões, para fazer numerosos atos de bondade e consciência em nosso favor. Assim não deixemos nunca chegar a um grau de tal complacência presunçosa, que não nos permita dar ajuda ou tentar dá-la, a nossos irmãos menos felizes, já que ela tem sido tão benéfica para todos nós”.
João Toledo / PR
Vivência Nº 102 Julho / Agosto 2006.