Costuma-se dizer que as Doze Tradições são para a harmonia e sobrevivência do Grupo o que os Doze Passos são para a recuperação individual de cada membro. Porém, muitos AAs, incluindo os membros para os quais os Passos são uma forma de vida, consideram as Tradições como “uma coisa de serviço” no que diz respeito a eles pessoalmente. Inclusive àqueles um pouco mais familiarizados pode lhes parecer um enigma: Por que há uma forma curta e outra forma integral? Qual foi a primeira? Por que em alguma Tradição a forma curta é mais longa que na forma integral? E, por que em outros casos são iguais?
A comunicação em A.A. sempre esteve carregada com a linguagem do coração. Por isso não é de surpreender que a ideia básica das Tradições fosse originada nas dificuldades experimentadas pelos membros pioneiros, diferentes em quase tudo exceto em seu vínculo comum com os alcoólicos, para chegar a um acordo ou consciência de Grupo. Já em 1945, a pilha de correspondência na Sede- agora Escritório de Serviços Gerais, estava cheia de pedidos de ajuda para solucionar os problemas dos Grupos. Também é importante mencionar que os Grupos também informavam sobre seu sucesso.
Um amigo não identificado de Bill W., sugeriu que toda essa experiência coletiva poderia ser unificada em uma serie de princípios que oferecessem soluções provadas; Bill e seus “ajudantes” no escritório puseram-se a trabalhar. Foi assim que nasceu a forma integral das Tradições como se conhecem hoje. Depois de ouvir ideias e opiniões de membros de A.A. e de fora, foram publicadas na edição de abril de 1946 da recém-criada revista Grapevine, à época com apenas dois anos de existência.
Um ano mais tarde, as Tradições foram resumidas para a forma curta que conhecemos hoje. Isso foi feito por sugestão de Earl T., fundador do primeiro Grupo de Chicago, aparentemente para que as Tradições tivessem a mesma altura dos Passos. Más, também foram resumidas porque, embora poucos membros colocaram objeções às ideias expressadas na forma integral, muitos acreditavam que os enunciados eram muito longos e difíceis de lembrar. O rascunho final da forma curta foi aprovado na primeira Convenção Internacional de Cleveland, Ohio, em julho de 1950, e nessa forma apareceram também na Grapevine e assim continuam até hoje.
Se por vezes as Tradições podem parecer pouco coerentes, não é para se surpreender. Elas representam a experiência coletiva de milhares de membros de A.A. e seus Grupos. Quando Bill chamou A.A. uma “anarquia benigna”, era exatamente o que queria dizer por que estava utilizando a palavra no seu melhor sentido: “Quando tivemos que nos colocar em ação para funcionar como Grupos, percebemos que era preciso nos converter numa democracia… Todas as ações propostas pelos Grupos tinham que ser aprovadas pela maioria. Isso queria dizer que ninguém poderia se autonomear para atuar em nome de seu Grupo ou de A.A. em seu conjunto. Nem a ditadura nem o paternalismo seriam bons para nós”.
Alguns exemplos de falta de coerência: a forma integral da Segunda Tradição diz: “Para o nosso propósito coletivo, só há uma autoridade final: um Deus extremoso, na forma que se manifesta em nossa consciência coletiva”, é mais curta que a forma curta, que acrescenta “Nossos líderes são apenas servidores de confiança; não têm poder para governar”. E a forma curta da Quinta Tradição “Cada Grupo é animado de um único propósito primordial: o de transmitir sua mensagem ao alcoólico que ainda sofre”, é quase idêntica à forma integral, que diz “Cada Grupo de Alcoólicos Anônimos deve ser uma entidade espiritual com um único propósito básico: o de levar sua mensagem aos alcoólicos que ainda sofrem”.
É interessante observar que a forma curta da Décima Primeira Tradição diz que, “Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da promoção”; na forma integral acrescenta “Nunca há necessidade de elogiarmos a nós mesmos. Achamos melhor que nossos amigos nos recomendem”.
A forma integral das Tradições pode ser encontrada no Livro Azul, Doze Passos e Doze Tradições, o Manual de Serviços de A.A. e o livreto O Grupo de A.A… A forma curta encontra-se nos mesmos livros e em outros exemplares da literatura de A.A.
Ao fazer considerações a partir da distância de mais de meio século, a visão dos fundadores e dos pioneiros de A.A. é reconhecida hoje pelos AAs de todas as partes do mundo que expressam sua gratidão através de cartas enviadas ao ESG. A importância destes princípios fundamentais está resumida mais acertadamente no livro “Alcoólicos Anônimos atinge a maioridade”, em “Unidade: o Segundo Legado”: “… A nossa não é uma história rotineira de sucessos; é mais bem a história de como pela graça de Deus, surgiu de nossa fraqueza uma fortaleza insuspeitada; de como, sob as ameaças de desunião e de colapso, foi sendo forjada uma unidade e uma fraternidade universais. No decorrer desta experiência, desenvolvemos uma série de princípios tradicionais pelos quais vivemos e trabalhamos unidos e nos relacionamos como Irmandade com o mundo que nos rodeia. Estes princípios se chamam as Doze Tradições de Alcoólicos Anônimos. Representam a destilação da experiência do nosso passado, e confiamos nelas para nos conduzir em unidade através dos obstáculos e perigos que o futuro possa nos proporcionar”.Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil – JUNAAB
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