Prezado ,
Dirigimos-nos a você, desta feita, para uma breve exposição sobre o conceito de autonomia de grupo em A.A.
Já abordamos, anteriormente, o conceito de grupo: dois ou três alcoólicos reunidos com o propósito de manterem-se sóbrios podem chamar-se de um grupo de A.A. desde que, como grupo, não se dediquem a quaisquer outros propósitos. Ademais, nossos grupos são informais, não têm existência jurídica, funcionam em sedes alugadas ou cedidas e são autossuficientes financeiramente.
Em complemento, a Quarta Tradição de A.A. postula que “Cada grupo deve ser autônomo, salvo em assuntos que digam respeito a outros grupos ou a A.A. em seu conjunto”. Ou seja, com respeito a seus próprios assuntos, um grupo não está sujeito a nenhuma autoridade além de sua própria consciência coletiva. Quando, porém, seus planos interferirem no bem-estar de grupos vizinhos, estes devem ser consultados. E nenhum grupo de A.A., comitê regional ou membro deveria tomar qualquer atitude que possa afetar seriamente A.A. como um todo sem consultar os custódios da Junta de Serviços Gerais. Em tais questões, nosso bem-estar comum tem absoluta primazia (Primeira Tradição).
Na prática, a margem de liberdade dos grupos é ilimitada. Por exemplo, existem grupos que funcionam de modo isolado da estrutura de serviços de A.A., não contribuindo com o custeio de nossos escritórios e da produção e distribuição de nossos livros e da Revista Brasileira de A.A. – a Vivência. No entanto, utilizam-se do nome de A.A., bem como dessa literatura e da revista, para a manutenção da sobriedade de seus membros.
No entanto, a grande maioria dos grupos encontra-se vinculada à estrutura de serviço de A.A., contribuindo para a autossuficiência financeira das nossas atividades, levando adiante a mensagem de A.A. de modo coletivo, planejado e padronizado, além de formar servidores voluntários para atuar nos distritos (conjuntos de grupos de A.A.), áreas (conjuntos de distritos de A.A.), escritórios locais, comitês de assessoramento da JUNAAB, Junta de Custódios e escritório de serviços gerais (nacional).
Um exemplo recente de como essa efetiva e ampla autonomia resulta numa articulação crescente de A.A. como um todo foi o modo como os grupos atuaram durante a pandemia global do novo coronavírus. Na medida em que as quarentenas passaram a ser decretadas pelo mundo – assim como em nosso país –, a grande maioria dos grupos de A.A. não titubeou em “fechar as portas”, zelando pela credibilidade do nome de A.A. junto às autoridades sanitárias, dando primazia ao bem-estar comum da irmandade, mesmo que, à primeira vista, o fechamento das sedes de grupos parecesse frontalmente ameaçador, visto que as reuniões sempre foram essenciais ao nosso modo de funcionamento.
No momento seguinte, em plena vigência das quarentenas, vivenciamos outra grata surpresa: mais e mais grupos — mesmo com boa parte dos membros tendo cultura analógica, isto é, pouquíssima familiaridade com meios virtuais — passaram a utilizar a ferramenta digital de reuniões à distância disponibilizada pela JUNAAB para uso gratuito. Nossos mapas de uso dessa ferramenta mostram saltos crescentes de utilização por grupos, distritos e áreas em todas as regiões do país. Os links dessas reuniões vêm sendo divulgados para facilitar a chegada de novos membros, muitos deles encaminhados por profissionais e instituições com as quais cooperamos. Com isso, rapidamente, restabeleceu-se a corrente de ajuda que constitui o único e primordial propósito da irmandade em todo o planeta.
Desse modo, o princípio da autonomia relativa — em conjunto com nossos demais princípios tradicionais — demonstrou novamente ser eficaz para a preservação do nosso bom funcionamento sob quaisquer circunstâncias, externas e/ou internas.
Fraternalmente,
Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil
Comitê Trabalhando com os Outros