É obvio, gostaríamos que a vida não tivesse estradas tortuosas e becos sem saída. Gostaríamos que fosse um só caminho iluminado e que nada precisássemos mudar para chegar sempre mais acima, sem parar para pensar e reprogramar nossos caminhos.
Porém, a dor, o sofrimento, as doenças e a morte estão sempre presentes para sinalizar o caminho a seguir. É nessas condições que muitas vezes perdemos a governabilidade de nossas vidas e necessitamos começar a desenvolver uma abertura mental que nos devolverá a sanidade perdida.
A mente é como um pára-quedas; só funciona quando aberto! Isso mesmo, a diferença é que no pára-quedas puxa-se a cordinha e ele se abre; já a mente se abre quando ouvimos as pessoas, lemos, estudamos, observamos, cultivamos a humildade e treinamos para mantê-la cada vez mais aberta, ai, sim, poderemos entender o verdadeiro significado deste 2º Passo. “Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade”.
Mas o que seria sanidade mental? É a saúde de nossa mente, que significa ter pensamentos e sentimentos positivos sobre nós mesmos.
É tradicional o provérbio de que “o bom humor afasta as doenças”, ou “aquele que ri, vive mais”. Isto significa que a mente tem relação direta ou indireta com o corpo.
Assim, à medida que “alimentamos” bem nossa saúde mental com emoções positivas, poucos aborrecimentos e bons pensamentos, melhor será a nossa saúde física também.
Portanto, sanidade mental significa total saúde da mente e do corpo, que implica em viver uma vida de ação sem conflito, pois é o conflito que causa o desequilíbrio.
Só com a ajuda Dele, nosso Poder Superior readquiriremos o equilíbrio mental.
Este passo nos leva a crer que há uma solução e que poderemos voltar a ter saúde mental.
2º Passo:
Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.
“Mente Aberta: Caminho para a Sanidade”
Em busca da fé perdida!
Quando procurei me aproximar do 2º Passo enfrentei um dilema bastante sério: – “Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.”
Ao ler o passo e a mensagem que ele trazia dizendo que somente um “Poder Superior” poderia resolver minha obsessão pelo álcool, fiquei extremamente desapontado.
Eu já não acreditava mais na existência de Deus. Eu me enquadrava na situação daqueles que já tiveram fé e a perderam.
O alcoolismo desenvolveu dentre de mim um enorme preconceito contra a religião e seus adeptos. Por isso no início de minha caminhada em A. A. se algum companheiro tivesse tentado me impor alguma religião eu estaria fora das reuniões, pois não conseguia encontrar uma fé que funcionasse para mim.
No meu tempo de ativa fui um líder religioso. Tive uma igreja aos meus cuidados e fui pregador da palavra de Deus.
Nessa época eu acreditava que por ser muito religioso Deus resolveria meu problema de alcoolismo. Mas aí veio a derrota. Cheguei a pregar a palavra de Deus em púlpito, totalmente embriagado.
A igreja me expulsou e não permitiu mais que eu pregasse.
Alguns membros da igreja julgavam que eu tivesse uma legião de demônios junto de mim.
Veio então a derrota total e consequentemente cai nas sarjetas.
Eu me encontrava completamente desnorteado, quando alguns companheiros de A. A. tentaram-me ajudar dizendo-me que eu deveria ter a mente aberta e humildade, pois assim eu seria novamente conduzido à fé. E que eu não faltasse às reuniões de A. A., pois com certeza, Deus me ajudaria e me devolveria à sanidade.
Mas o que realmente me libertou de todos os traumas religiosos foi justamente uma carta que recebi de uma companheira da cidade de Campinas/SP., quando eu me correspondia com a “RIS” (Reunião Internacionalistas e Solitários).
Ela me enviou uma reportagem que saiu no jornal onde contava a incrível história de um garotinho que permaneceu agarrado a um toco de árvore dentro de um rio por três dias esperando socorro de seu pai.
Eles estavam pescando e foram acometidos por uma forte tempestade.
O pai do garoto não conseguindo trazê-lo devido à forte correnteza ordenou que ele se agarrasse àquele toco e não o largasse por nada.
Quando o garoto foi encontrado pelos policiais levaram-no ao hospital e tendo alta os repórteres lhe perguntaram se ele não teve medo de morrer.
O garoto com um grande sorriso no rosto respondeu que não, pois tinha certeza que seu pai voltaria para salvá-lo.
“A companheira me aconselhou que eu fizesse de A. A. o meu galho de salvação e que eu não desgrudasse dele por nada, porque o Poder Superior iria me encontrar e me salvar.”
Estou no programa de A. A. há oito anos e meio, e sóbrio.
Segurei no galho e não o larguei por nada. Consegui me encontrar com Deus na forma que eu O concebo.
Hoje tenho uma fé que funciona! Hoje sei que esteja onde eu estiver, aconteça o que acontecer haja o que houver, nunca mais estarei sozinho!
(Fonte: Revista Vivência Nº 112 – Garcia/Ribeirão Preto/SP)