Hoje é dia de faxina mental!
Vamos jogar fora tudo o que nos prende ao passado, ao mundo das coisas tristes: fotos, cartas, peças de roupas, papéis velhos, quadros… vamos jogar fora, mas principalmente esvaziar nosso coração para recomeçarmos uma vida nova!
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo! É renovar as esperanças na vida; é acreditar de novo!
Se sofremos muito neste período… foi aprendizado!
Se choramos muito… foi limpeza da alma!
Se sentimos raiva das pessoas… foi para perdoá-las um dia!
Se acreditamos que tudo estava perdido… foi quando teve início nossa melhora! Foi quando pedimos ajuda, admitimos nossa impotência, fizemos as pazes com Deus e entregamos nossa vida aos Seus cuidados!
Chegou a hora de descobrirmos nossas deformidades emocionais através do 4º Passo, “limpar a casa”, fazer uma “faxina mental”.
Quantos anos vividos, simplesmente por viver?
Quantos erros cometidos tantas vezes e muitas vezes repetidos?
Quantas lágrimas sentidas e choradas quase sempre às escondidas para ninguém ver ou saber?
Quantas dúvidas deixadas no tempo para se resolver depois ou nunca resolver?
Quantas vezes fingimos alegria, sem o coração estar feliz?
Quantas noites embriagados… varamos na solidão?
Quantas frases foram ditas com palavras desgastadas pelo tempo?
Quantas vezes vivemos apenas para sobreviver…?
É tempo de promovermos uma verdadeira faxina em nosso interior.
Procurar tirar de dentro de nós tudo o que nos causa incômodo: tristeza, mágoa, raiva, ciúme, inveja é o mínimo que podemos fazer por nós mesmos. Com esta limpeza estaremos dando lugar para ali se alojar a alegria, a paz, a coragem, a vontade e o desejo de sermos felizes, pois sendo felizes poderemos colaborar para a felicidade daqueles que amamos.
4º Passo:
Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
“Descobrindo Deformidades Emocionais”
Existem muitas frases ou lemas em A. A. que refletem a sabedoria acumulada no decorrer dos anos. Um dos mais interessantes é: “Somos tão doentes quanto nossos segredos”.
Baseando-nos nessa verdade, à medida que vamos revelando nossos segredos ficamos menos doentes, donde deduzimos que o Quarto Passo é o início de um processo de recuperação. Todo esforço desprendido nesta tarefa será recompensado.
Ao dar início à prática do Quarto Passo é fundamental termos em mente que Deus, como cada um O concebe, conhece perfeitamente nossa natureza individual. E sabe, também, que não podemos ver a nós mesmos sem a Sua ajuda. Damos início, assim, à nossa parceria com Deus iniciada no Terceiro Passo quando decidimos entregar nossa vida e nossa vontade aos Seus cuidados.
O Quarto Passo parece à primeira vista assustador e muitos recuam diante dele, mas devemos nos lembrar que todos os que estão perto de nós, a começar por Deus, vêem nossas faltas e imperfeições há anos, ou seja, estas falhas só são desconhecidas por nós mesmos. Está na hora de conhecermos estas falhas.
Idéias fundamentais do Quarto Passo:
Inventário: relação, registro, balanço, descrição pormenorizada.
Moral: é o conjunto de regras e pr4escrições a respeito do comportamento, de condutas consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada, estabelecidas e aceitas por determinada comunidade humana.
Inventário Moral: relação de nossas forças e fraquezas.
Medo: é com frequência nossa primeira reação a qualquer coisa nova. Enfrentamos qualquer mudança com medo porque nos sentimos ameaçados.
Orgulho: conceito muito elevado que alguém faz de si mesmo; amor-próprio exagerado, empáfia, soberba.
Segundo nossa literatura, o medo e o orgulho são os nossos maiores inimigos nesta empreitada. O medo afirma: “Para que fazer inventário?” Ao que o orgulho reforça: “Bobagem. Você já está sem beber mesmo e, além do mais, você é o máximo, sabia?”
Temos que nos esforçar para dobrar esses inimigos. Com um mínimo de coragem nós perceberemos que eles são somente dois guardas imóveis à porta de um palácio; não nos farão nenhum mal, é só passar por eles.
O Quarto Passo é simplesmente uma medida para nos ajudar a colocar toda a nossa vida em perspectiva novamente. Há um ditado em A. A. que diz: “Não é o que sabemos ou não sabemos, mas o que achamos que é verdade e não é”. Portanto, vivemos dirigidos por falsas verdades, é chegada a hora de tirarmos as máscaras e nos conhecermos por inteiro, sem medo. Todos já ouvimos falar que “a verdade nos libertará” é chegada a hora de conhecermos esta verdade sobre nós mesmos, a qual nos conduzirá a um patamar de vida superior ao que vivíamos até então.
Escrever nossa história num papel é um antigo método de auto conhecimento utilizado por pessoas notáveis, de Santo Agostinho ao físico Pascal, mas escrever esta história, como sugerido na nossa literatura pode ser muito difícil para a maioria de nós, portanto devemos nos lembrar que colocar nosso Quarto Passo no papel é apenas uma sugestão e não devemos nos auto depreciar por não conseguirmos escrevê-lo como o sugerido nem usar esta dificuldade para abandonar a prática do passo.
Devemos nos lembrar, também que o inventário é moral e não imoral; devemos procurar coisas importantes em nossas memórias, não só fracassos ou eventos que envergonham, como por exemplo, os desvios sexuais. É importante colocar as coisas positivas também.
O Quarto Passo fala que devemos relacionar nossas virtudes, nossas qualidades. E isto nem sempre é uma tarefa fácil. Não é raro ouvirmos de nossos companheiros a seguinte afirmação: “Durante o meu inventário não tive dificuldades em relacionar todos os meus defeitos de caráter. O problema começou quando fui fazer o inventário de meus traços positivos. Fiquei perplexo. Quando conseguia pensar em algo positivo, sentia-me culpado”.
A maioria de nós, e eu, entre esta maioria, gostaríamos que este inventário se resumisse a responder um questionário de múltipla escolha com “xis” no quadrinho vazio. Tipo: “Sou invejoso?” Sim ou Não. E depois de respondidas todas as questões tudo estaria resolvido.
Ah! Que bom se assim o fosse! Pelo menos seria menos penoso. Até a lista dos pecados capitais sugeridas por Bill no livro Os Doze Passos Ed as Doze Tradições são amplamente comentadas entre nós como um modelo acabado de inventário.
Mas terá a simples admissão de possuir todos os pecados capitais como defeitos um bom inventário de Quarto Passo? Penso que não. Seria algo muito superficial e sem profundidade, sem a meticulosidade exigida. Temos que perceber o defeito em alguma situação por nós vivida e como este defeito interferiu na história.
O inventário tem que ser feito em profundidade (minucioso), cada vez mais devemos descer, não devemos jamais ficarmos restritos às lambanças da época das bebedeiras, afinal, isso não é inventário, é simplesmente história. Inventário é algo mais.
Tem de ficar entendido que uma história não é uma vida, é só uma seleção de eventos de uma vida, influenciada pelas crenças da pessoa sobre si mesma e sobre outras pessoas.
Assim, torna-se possível utilizar a história para construir uma nova história com novas crenças. As crenças fazem parte da história; mudando a história, as antigas crenças são destruídas. Destruindo antigas crenças destruímos antigos fantasmas de nosso passado.
Uma pessoa tem dificuldade de contar sua história quando não pode achar a sua própria voz para descrever suas experiências. A descoberta da própria voz para contar uma história ocorre quando a pessoa é ouvida, validando assim, as próprias percepções de sua realidade, mas isto é assunto para o Quinto Passo.
Agradeço a Deus e a paciência de vocês por mais esta oportunidade de estar me conhecendo.
Obrigada!
(Fonte: Revista Vivência Nº 114 – Rogéria-/Cachoeira do Campo/MG)