Sóbrio havia cinco meses, Bill W. foi enviado pela corretora onde trabalhava para negociar o controle acionário de uma pequena fábrica de ferramentas, da qual poderia se tornar seu presidente, na cidade de Akron, Ohio. O negócio fracassou e de volta ao Hotel Mayflower, onde se hospedava, teve vontade de beber; porém, considerou que, se conseguisse falar com outro alcoólico, poderia manter a sobriedade. Era um sábado 11 de maio de 1935.
No saguão do hotel havia um diretório de Igrejas; colocou seu dedo num nome e telefonou para o Rev. Walter Tunks que lhe deu uma lista com dez nomes de pessoas da comunidade com quem poderia fazer contato. Somente na décima ligação teve sucesso: Norman Shephard dá o nº de telefone de Henrietta Buckler Seiberling (1888 – 1979), que assim descreve o telefonema: “Era Bill Wilson, e nunca esquecerei o que ele me disse: ‘sou do Grupo de Oxford, e sou um sabujo (cão de caça), de bebida alcoólica que vive em Nova York’. ‘Venha já para cá’ eu disse. Ele veio e ficou para o jantar. Pedi-lhe que me acompanhasse até a igreja na manhã seguinte e lhe disse que contataria Bob. Foi o que fiz”. E se propôs a marcar um encontro com o médico cirurgião Robert Holbrook Smith (Dr. Bob) (1879-1950) – também membro do Grupo de Oxford de Akron havia dois anos e meio – um beberrão cético, já beirando o desprestigio profissional.
O encontro aconteceu no dia seguinte, domingo 12 de maio de 1935 – Dia das Mães – com a condição imposta pelo Dr. Bob de não durar mais de quinze minutos. “Chegamos lá – na casa de Henrietta- às 17h00, e eram 23h15 quando saímos”, contou depois o próprio Dr. Bob, que compareceu acompanhado por sua mulher Anne.
Os dois ficaram a sós e Bill fala de sua experiência alcoólica, o sofrimento, as promessas, os fracassos, da visita de Ebby e sua mensagem simples: um alcoólico falando com outro alcoólico; porém, foi citando o Dr. William Duncan Silkworth (1873-1951) ao identificar aquela condição dos dois como uma doença caracterizada por uma obsessão mental seguida de uma alergia física, que o Dr. Bob subitamente compreendeu o que lhe afligia; como médico, nunca tinha pensado nessa possibilidade. Passadas mais de cinco horas de compartilhamento e reciprocidade produziu-se a identificação necessária entre dois alcoólicos que falando de si próprios, um para o outro, conseguem manter-se afastados da bebida, e desta constatação deriva toda a proposta de A.A.
Para a posteridade, um disse do outro:
“Bill foi o primeiro ser humano vivo com quem eu já tinha falado que, inteligentemente, discutiu meu problema a partir de uma experiência real. Ele falou a minha língua”. Dr. Bob.
“Bob foi a rocha sobre a qual A.A. foi fundada. Sob seu apadrinhamento, com um pequeno apoio meu, o primeiro Grupo de A.A. no mundo nasceu em Akron, em junho de 1935”. Bill W.
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